Documentário Excelente...
O melhor documentário sobre direitos autorais e cultura livre já feito até hoje. Com entrevistas que vão desde o DJ Girl Talk, até o produtor nigeriano Charles Igwe e passando pelo presidente da International Federation of the Phonografic Industry, John Kennedy, os diretores conseguiram captar a tensão existente no debate atual entre detentores de conteúdo da indústria tradicional e artistas da nova indústria.
O documentário traça diferentes manifestações de cultura pelo mundo e as confronta com o atual modelo de direitos autorais. Entrevistando nomes tão diferentes como os DJs Girl Talk e Dangermouse, os advogados Lawrence Lessig e Ronaldo Lemos, Dan Glickman (CEO da MPAA, a associação de produtores de Hollywood), acadêmicos, executivos e outros especialistas e entusiastas do tema, o filme acompanha a pirataria de discos na Rússia, a crescente indústria cinematográfica da Nigéria (hoje o país que mais produz filmes por ano no mundo – mais que os EUA e que a Índia), a forma como produtores musicais se apropriam de obras alheias para criar músicas novas, a história do site sueco Pirate Bay (que desafiou a legislação americana) e os mercados de nicho no Brasil, com o funk carioca e o tecnobrega em Belém.
Juntando diferentes pontos e iniciativas realizadas ao redor do globo, o filme mostra como a cultura livre pouco a pouco está deixando de ser uma exceção. O documentário ainda não foi lançado em DVD, mas pode ser baixado de graça em seu site oficial, que tem um link para o torrent do filme.
Entrevista com os documentaristas Henrik Moltke, Ralf Christensen e Andreas Johnsen
(Por Alexandre Matias, do Estadão: http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=11236)Mercado pirata em Belém do Pará
Lawrence Lessig - Creative Commons
Danger Mouse
O movimento de software livre, a invenção do sampler, a criação do Napster, o Grey Album do DJ Dangermouse, o Creative Commons de Lawrence Lessig. Diferentes acontecimentos colocam em xeque o direito autoral tradicional, com alternativas sendo cogitadas na marra. Mas o que é pirataria em tempos de cultura digital? É possível controlar cópias? Esses são apenas alguns temas abordados no documentário Good Copy Bad Copy, que acaba de ser lançado na internet por três cineastas dinamarqueses, Henrik Moltke, Andreas Johnsen e Ralf Christensen, que deram, em conjunto, a entrevista a seguir.
Vocês tinham alguma conexão com o movimento de cultura livre antes de fazer o filme?
Henrik Moltke: Eu faço parte tanto do Creative Commons da Dinamarca como participei do projeto Free Beer (uma cerveja cuja fórmula é publicada na web para quem quiser fazer em casa). Este era o passo seguinte.
Andreas Johnsen: Eu não tinha nenhuma relação, mas como sou documentarista, os direitos autorais quase sempre atrapalhavam meu trabalho.
Vocês foram para a Nigéria, Suécia, Rússia, Brasil e vários outros países. Há uma consciência global sobre este tema?
Andreas: Não acho que as pessoas saibam o que está acontecendo de verdade. Elas sequer sabem o que é legal ou ilegal e quais as conseqüências ao comprar uma cópia legal ou ilegal. A maioria não sabe o que é DRM (Digital Rights Management, tecnologia que restringe o uso e a cópia de arquivos digitais) e como isso é restritivo. Mas as pessoas irão descobrir, creio que haverá um grande levante contra este controle e o movimento pelo compartilhamento e pela abertura dos direitos irá crescer cada vez mais.
Ralf Christensen: O direito autoral é algo desconhecido ou irrelevante para o cidadão comum em muitos países, por não ser regulado ou por não ser ensinado. Isso cria aberturas interessantes para os negócios e a cultura, algumas criminosas e outras criativas. Existe sim uma consciência global no movimento de cultura livre, que isto é um problema – ou uma oportunidade – global. E certamente as corporações multinacionais também têm consciência disto e tentam reforçar o direito autoral pelo planeta, como, por exemplo, a indústria fonográfica que agora tenta empurrar isso na Índia e na China.
Há pontos-chave na evolução da cultura livre que merecem ser destacados?
Henrik: As primeiras redes de computador que eram livres e o processo colaborativo de construção da Arpanet, a rede que deu origem à rede que hoje chamamos de internet. Há também o movimento do software livre, liderado por Richard Stallman. O lançamento da série de licenças flexíveis Creative Commons e o livro Cultura Livre, de Lawrence Lessig.
Ralf: E a controvérsia ao redor do Grey Album (disco em que o DJ Dangermouse juntou vocais do rapper Jay-Z com instrumentais dos Beatles), que resultou no dia de protesto online conhecido como Grey Tuesday. A história do uso de samples no hip hop também tem a ver com o crescimento da cultura livre.
Vocês visitaram o Brasil. O que o País tem a contribuir com este movimento?
Andreas: Vocês têm movimentos únicos que têm uma aproximação diferente sobre propriedade intelectual, como o tecnobrega de Belém e o baile funk do Rio, que funcionam há anos como um sistema em que ninguém ganha pela música, mas a música também não pertence a ninguém.
Ralf: O Brasil tem também uma história forte de reconhecer o canibalismo cultural como um método de trabalho. Isso já era usado pelos tropicalistas nos anos 60, que abraçaram a idéia de “comer” cultura e criar algo novo a partir disso, mas isso vem do Manifesto Antropofágico, do Oswald de Andrade, de 1928. É uma longa história de ter consciência que a cultura brasileira é uma cultura de remix. E é brilhante!
http://www.goodcopybadcopy.net
ASSISTA AQUI O DOCUMENTÁRIO COMPLETO LEGENDADO EM PORTUGUÊS (56 min):
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